Policiais fazem perícia no local do assassinato de Antônio Vinicius Gritzbach — Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 16/01/2025 - 23:17
Prisão de PMs ligados ao PCC: Governador defende punições severas
A prisão de 15 policiais militares,incluindo um cabo acusado de matar um delator do PCC,revela a conexão da facção criminosa com agentes de segurança. O cabo Denis foi identificado como um dos atiradores. A operação Prodotes também prendeu a namorada do olheiro envolvido no crime. O governador Tarcísio defendeu punições severas e destacou a destreza do atirador como indício de ser um policial. A modelo presa foi acusada de ajudar na fuga do olheiro.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Uma operação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo prendeu na quinta-feira 15 PMs suspeitos de terem se envolvido com Vinicius Gritzbach,delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos em novembro. Entre os presos,está o cabo Denis Antonio Martins,policial da ativa apontado como um dos responsáveis pelos disparos que mataram Gritzbach.
Caso Gritzbach: Quem são os 15 policiais presos em operação da CorregedoriaSaiba quem é ela: Namorada de olheiro que entregou Gritzbach também é presa
A operação foi celebrada pelo governador de São Paulo,Tarcísio de Freitas,e pelo secretário de Segurança Pública,Guilherme Derrite. Mas mostrou conexões do PCC com agentes de segurança pública do estado. Além dos policiais que faziam segurança ilegal para um empresário que lavou dinheiro para a facção,as investigações mostram que foi a organização criminosas que encomendou o assassinato no aeroporto em que Denis teria sido um dos executores.
Cronologia da investigação — Foto: Editoria de Arte
As imagens do homicídio mostram que havia dois atiradores,mas o outro ainda não foi identificado. Os investigadores não descartam que o segundo assassino também seja um policial.
A Polícia Civil afirma que o PCC encomendou a execução do empresário — além de líderes da facção,Gritzbach também havia delatado policiais civis,o que deixava dúvidas sobre quem seria o mandante do crime. Ele era jurado de morte pela facção por ter firmado um acordo de delação com o Ministério Público de São Paulo e responsabilizado pelo assassinato de um dos líderes da organização criminosa.
— As duas linhas de investigação consideram que foi um faccionado que encomendou — disse a delegada Ivalda Aleixo,diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa.
Os outros 14 policiais presos já estavam afastados de suas funções depois de uma denúncia anônima feita em abril de 2024 à Corregedoria da PM. A denúncia era de que um grupo de agentes fazia segurança privada para o empresário,que usava seus negócios imobiliários para lavar dinheiro.
As apurações indicam que Denis,que teria feito disparos de fuzil contra Gritzbach,não seria parte dessa escolta. Ele sequer era investigado por ligações com o PCC.
— A investigação conseguiu comprovar que esses policiais sabiam da conduta delituosa,que o Vinícius era criminoso e continuava fazendo atos ilícitos mesmo após a delação com o Ministério Público. O outro policial (Denis) foi colocado na cena do crime. Com as imagens,chegou-se à conclusão de que foi um dos atiradores — disse o secretário de Segurança,Guilherme Derrite,em entrevista coletiva.
Denis foi identificado com auxílio de tecnologias de reconhecimento facial,depoimentos e quebras de sigilo telefônico. Uma tatuagem no braço esquerdo e uma mancha no braço direito do policial eram compatíveis com as imagens obtidas pelos investigadores.
O PM não foi preso pela suspeita de homicídio,e sim por um crime previsto no artigo 150 do Código Penal Militar,o de organização de militares para prática de violência. Isso porque a operação de quinta-feira,denominada Prodotes,foi feita pela Corregedoria,órgão responsável por apurar os desvios de conduta dentro da corporação e crimes militares. A morte de Gritzbach é investigada pela Polícia Civil,mas tudo o que for apurado pela Corregedoria será compartilhado com a corporação. Os depoimentos de presos,os celulares e os documentos apreendidos também serão compartilhados entre os órgãos.
‘Destreza’ foi pista
Segundo Tarcísio,a maneira como o atirador segurava a arma e se portava no crime era um indicativo de que se tratava de um oficial.
— O nível de destreza do atirador apontava para um policial ser o autor dos disparos — disse o governador,de acordo com o g1.
Tarcísio defendeu uma punição “severa” para os envolvidos com o crime.
— Ninguém vai tolerar malfeito,desvio de conduta,desvio de caráter,bico para bandido. Quem enveredar por esse caminho será punido severamente. Será preso,expulso e levado ao Judiciário. Temos uma boa instituição e não vamos tolerar os que querem manchar — ele completou.
Namorada do olheiro
À tarde,a Polícia Civil anunciou também a prisão da modelo Jackeline Leite Moreira,de 28 anos. Ela era namorada de Kauê do Amaral Coelho,de 29 anos,apontado como o “olheiro” que indicou a localização de Gritzbach para os atiradores que o aguardavam na saída do aeroporto.
De acordo com a delegada Ivalda,do DHPP,Kauê se refugiou na casa da namorada,em Itaquera,na Zona Leste da cidade,após deixar o aeroporto no dia do crime. Depois,os dois passaram a noite em um motel.
Na ocasião,segundo o depoimento de Jaqueline,Kauê entregou a ela o celular que havia utilizado no crime,mas já com os dados apagados. O aparelho foi apreendido e passará por uma perícia para que os investigadores tenham acesso às conversas entre Kauê e os assassinos de Gritzbach.
Kauê fugiu para o Rio no dia seguinte ao crime. Segundo os investigadores,ele se refugiou na Vila Cruzeiro. Os policiais receberam a informação de que ele pretendia passar o Réveillon com amigos em Carneiro (PE) e chegaram a ir à região na véspera do Ano Novo,mas o suspeito não apareceu. Já estavam presos Matheus Brito e Matheus Augusto Mota,acusados ajudar Kauê na fuga.