Justin Trudeau,premier do Canadá,fala durante entrevista coletiva em Ottawa,Canadá — Foto: Dave Chan / AFP
RESUMO
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Canadá pronto para contra-atacar: tensões comerciais com os EUA em destaque
O Canadá está preparado para contra-atacar se os EUA iniciarem uma guerra comercial,com possíveis tarifas sobre produtos americanos. Trudeau destaca investimentos em segurança na fronteira em resposta às preocupações de Trump. A renúncia de Trudeau e possíveis ações de restrição de energia são discutidas em meio à incerteza. Líderes provinciais planejam visitar Washington para alertar sobre os danos das tarifas. A renúncia da ministra das Finanças e a queda na aprovação de Trudeau geram instabilidade política.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O primeiro-ministro do Canadá,Justin Trudeau,disse neste domingo que o país está pronto para responder com tarifas em retaliação aos Estados Unidos se o presidente eleito Donald Trump cumprir sua ameaça de iniciar uma guerra comercial na América do Norte. O premiê já anunciou sua renúncia e deixará o cargo em março.
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Ao programa "Inside With Jen Psaki",do canal americano MSNBC,o premiê afirmou que seu governo não está buscando um conflito comercial com a nova administração americana,mas terá que reagir se o país vizinho impor tarifas sobre produtos canadenses.
O Canadá compra mais produtos fabricados nos EUA do que qualquer outro país,segundo dados do Departamento de Comércio americano — foram cerca de US$ 320 bilhões entre janeiro e novembro de 2024. O déficit comercial dos EUA com o Canadá no mesmo período foi de US$ 55 bilhões.
— Como fizemos da última vez,estamos prontos para responder com tarifas,se necessário — disse Trudeau. — Somos o principal parceiro de exportação de cerca de 35 estados americanos,e qualquer coisa que dificulte o comércio entre nós acaba custando aos cidadãos e empregos americanos.
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Quando o primeiro governo Trump impôs tarifas sobre aço e alumínio em 2018,o governo canadense respondeu com taxas sobre uma lista de itens fabricados nos EUA,incluindo eletrodomésticos,uísque bourbon e barcos.
Desta vez,Trump afirmou estar considerando tarifas amplas de 25% sobre itens do México e do Canadá. Um rascunho de plano de retaliação que circula dentro do governo canadense incluiria quase todas as categorias de produtos importados dos EUA.
Fronteira protegida
Na entrevista neste domingo,Trudeau destacou a decisão do Canadá de investir mais em segurança de fronteiras,incluindo helicópteros e drones,com o objetivo de conter o fluxo de fentanil e a migração ilegal para os EUA — uma resposta direta às preocupações de Trump.
— Menos de 1% dos migrantes ilegais e menos de 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos vêm do Canadá. Portanto,não somos um problema — disse o premiê. — Na verdade,respondemos ao pedido dele para que fizéssemos mais com investimentos de bilhões de dólares para fortalecer ainda mais a segurança de nossas fronteiras.
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Trudeau classificou as provocações de Trump sobre transformar o Canadá no 51º estado dos EUA como "distrações" de questões mais urgentes.
Trudeau,que anunciou em 6 de janeiro que renunciará como primeiro-ministro e líder do Partido Liberal,permanecerá no cargo mais alto do país até que os membros de seu partido escolham seu sucessor em 9 de março.
Enquanto isso,uma importante líder conservadora dialogou com Trump no sábado. A primeira-ministra da província canadense de Alberta,Danielle Smith,afirmou ter se encontrado com o presidente eleito em sua residência de Mar-a-Lago,na Flórida,para destacar a importância da relação energética entre os EUA e o Canadá.
Possível guerra comercial
Mais da metade das importações de petróleo bruto dos EUA vem do Canadá,a maior parte de Alberta. Questionada sobre se o Canadá poderia restringir o fornecimento de energia aos EUA,a ministra das Relações Exteriores do Canadá,Mélanie Joly,disse ao CTV News que "tudo está na mesa." Danielle,no entanto,afirmou ser contra restrições à exportação de energia.
O primeiro-ministro da província de Ontário,Doug Ford,sugeriu em dezembro a ideia de cortar as exportações de eletricidade de sua província para vários estados fronteiriços,mas na semana passada propôs uma nova parceria energética que entregaria mais energia nuclear aos EUA.
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Os primeiros-ministros provinciais do Canadá planejam visitar Washington em fevereiro para alertar sobre os danos que as tarifas poderiam causar a ambos os países.
Trudeau,de 53 anos,é primeiro-ministro do país há nove anos. Sua aprovação caiu abaixo de 30% no ano passado,de acordo com o monitoramento de opinião pública do Instituto Angus Reid. Em seguida,veio a renúncia da ministra das Finanças,Chrystia Freeland,em dezembro,que afirmou que o governo precisava evitar "manobras políticas caras" e manter sua capacidade financeira pronta para lidar com os impactos de uma possível guerra comercial.
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A saída de Freeland gerou uma revolta de membros do partido liberal que pediram a renúncia de Trudeau.
O vencedor da disputa pela liderança do partido se tornará o 24º primeiro-ministro do Canadá. Uma eleição nacional está prevista para outubro,mas pode acontecer antes,caso partidos de oposição se unam em um voto de desconfiança para derrubar o governo.