Exportações de açúcar renderam menos 70% a Moçambique em três meses

De acordo com um relatório do Banco de Moçambique sobre a balança de pagamentos nos primeiros três meses do ano,a queda registada nas receitas com a exportação de açúcar moçambicano "deveu-se a redução no volume exportado,associada a fraca disponibilidade da cana-de-açúcar".

 

"Devido às cheias e inundações registadas no início do ano",lê-se no documento.

No primeiro trimestre de 2023 as exportações de açúcar renderam 10,3 milhões de dólares (9,4 milhões de euros) a Moçambique.

A Lusa noticiou esta semana que a produção de açúcar na Açucareira de Mafambisse,na província de Sofala e uma das principais de Moçambique,está em queda,devido aos efeitos combinados das intempéries e das alterações climáticas,segundo a administração.

"Estamos a registar baixas na nossa produção de açúcar devido a algumas dificuldades provocadas pelas intempéries registadas nos últimos anos no país",disse na quinta-feira,aos jornalistas,o diretor da Tongaat Hulett,grupo que detém a Açucareira de Mafambisse,Pascoal Macule.

O responsável avançou que,das 75 mil toneladas produzidas anualmente pela firma,esta caiu para 40 mil nos últimos dois anos,criando avultados prejuízos à fábrica.

Um outro fator que influenciou na forte quebra de produção foi a perda de cerca de 8.000 hectares de cana sacarina,matéria-prima para a produção de açúcar,devido aos efeitos das alterações climáticas: "Isto em Nhamatanda,devido à seca nos nossos campos e ao fenómeno El Niño."

Localizada no posto administrativo de Mafambisse,no distrito do Dondo,em Sofala,a açucareira tem capacidade instalada para produzir 92 mil toneladas de açúcar por ano.

A Tongaat Hulett anunciou recentemente uma injeção de 500 milhões de rands (25 milhões de euros) nas açucareiras Mafambisse e Xinavane,ambas em Moçambique e nas quais o grupo sul-africano é acionista maioritário.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo,enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa,que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória: 714 pessoas morreram,incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth,dois dos maiores de sempre a atingir o país.

A província de Sofala,no centro do território,tem sido das mais fustigadas pelas tempestades.

Já no primeiro trimestre do ano passado,as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos,afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas,destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula,segundo dados oficiais do Governo.

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