Altos e baixos da política externa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva: segundo o Datafolha,taxa de reprovação ao governo vem se aproximando do índice de aprovação — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/04-12-2024

RESUMO

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GERADO EM: 26/12/2024 - 21:15

"Desafios e Conquistas na Política Externa do Governo Lula em 2024"

O governo Lula encerrou 2024 com vitórias na presidência do G20 e acordos com a China,mas enfrentou desafios com a eleição de Trump nos EUA e a situação na Venezuela. O fim das negociações do acordo Mercosul-UE e a preparação para a COP30 em Belém destacam-se como pontos importantes da política externa brasileira.

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Em matéria de política externa,o governo Lula encerra 2024 com vitórias importantes mas,também,uma série de péssimas notícias. Um dos momentos mais vitoriosos foi o encerramento da presidência brasileira do G20,na cúpula de chefes de Estado e governo no Rio,em 19 de novembro. O Brasil conseguiu alcançar vários dos objetivos traçados para sua presidência,cuja marca registrada é,sem dúvida,a Aliança Global contra a Fome. A iniciativa contou com a adesão de mais de 80 países,incluindo a Argentina de Javier Milei — que fez ressalvas,mas não se atreveu a estragar a festa do Brasil.

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Logo em seguida,Lula recebeu o presidente da China,Xi Jinping,numa visita de Estado em Brasília,e ambos assinaram 37 acordos econômicos. Na tentativa de fortalecer o Sul Global,Lula precisa aprofundar o relacionamento com a China,esperando,a partir de agora,que o vínculo traga mais benefícios econômicos e respaldos em foros multilaterais,entre elas as Nações Unidas. O Brasil continua almejando um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU,e nunca contou com o apoio explícito da China nessa cruzada.

Poucos dias depois,em Montevidéu,o Mercosul e a União Europeia (UE) anunciaram o encerramento das negociações de um acordo de livre comércio entre os dois blocos. O governo sempre teve dúvidas sobre o pacto,que vinha sendo negociado há mais de 20 anos e avançou de forma expressiva no governo de Jair Bolsonaro. Assessores do presidente o consideram “ruim”,mas o Brasil priorizou a defesa do multilateralismo e,claro,a possibilidade de abrir novos mercados.

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No ranking dos dissabores da política externa em 2024,a vitória de Donald Trump na eleição americana ocupa a primeira posição. Lula apostou até o final na democrata Kamala Harris,afirmando que no pleito estava em jogo a democracia americana. Lula não o disse,mas seu governo teme que a volta de Trump ao poder ameace também a democracia na região — um dos temas que tira o sono do presidente.

A proximidade entre Trump e o argentino Javier Milei é vista como perigosa pelo Palácio do Planalto. A capital argentina foi sede recentemente de um encontro da extrema direita internacional,o que deve acontecer cada vez com mais frequência. Com um Milei fortalecido e um Trump recém-empossado,os cenários para o Brasil são adversos.

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Janeiro não será um mês complicado apenas pela posse de Trump. Em Caracas,o ditador Nicolás Maduro assumirá o poder pela terceira vez consecutiva e,pela primeira vez,sem contar com o reconhecimento de um governo do PT. Lula deu uma última chance ao chavista nas eleições de 28 de julho e a fraude escancarada do governo terminou de destruir o que restava de confiança brasileira na recuperação da democracia na Venezuela. O Brasil tem,agora,o desafio de preservar uma relação entre Estados,com escassos canais de diálogo com o Palácio Miraflores.

Por último,o resultado da COP29,no Azerbaijão,foi considerado profundamente insatisfatório em matéria de financiamento,metas e compromissos por parte de países em desenvolvimento,especialistas e ONGs internacionais. Péssima notícia para o Brasil,que sediará a COP30 em Belém,e deverá se desdobrar para recuperar o vigor e fôlego das negociações globais em matéria de clima. Com Trump novamente na Presidência dos EUA,o desafio,que já era grande,ficou gigantesco.

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