STCP diz que operação no metrobus do Porto é "insegura e ineficiente"

"Em função dos resultados e das análises técnicas realizadas,o nosso parecer é desfavorável à utilização do canal BRT ['Bus Rapid Transit']",lê-se no parecer enviado ao grupo de trabalho da Assembleia Municipal e a que a Lusa teve hoje acesso.

 

O relatório analisa os testes realizados a 29 de outubro no canal do metrobus com dois autocarros 'standard' elétricos da STCP,que fizeram o percurso Praça do Império/Rotunda da Boavista e Rotunda da Boavista/Praça do Império (parcialmente coincidentes com o trajeto da Linha 203).

A operação nas atuais condições do canal é "insegura,ineficiente e comercialmente desvantajosa,comprometendo a integridade do serviço e a segurança dos passageiros",assegura a STCP,acrescentando que a utilização dos autocarros da linha 203 naquele canal "não é tecnicamente viável em condições de segurança".

"Os ensaios revelaram que as faixas de circulação,na configuração atual,são estreitas e inadequadas para manobras em contra sentido,especialmente durante a aproximação às estações",assinala.

Em resposta ao grupo de trabalho,a STCP indica também que as plataformas das estações apresentam uma altura e configuração "inadequadas para o alinhamento seguro dos autocarros",sobretudo nas aproximações em contra sentido.

"Durante os ensaios,verificou-se que foi praticamente impossível reduzir para níveis aceitáveis a folga entre o veículo e a plataforma da estação",observa,acrescentando que,na estação Pinheiro Manso,a tentativa de reduzir a folga entre o veículo e a plataforma resultou "num embate com o cais,causando danos na carroçaria do autocarro".

Já quanto ao serviço ser comercialmente viável,ao permitir uma redução do tempo de percurso da linha entre estações,a STCP afirma que "os ganhos de tempo de circulação foram marginais e insuficientes para justificar o interesse comercial em desviar a linha 203 através do canal BRT".

"O ganho estimado foi de apenas dois a três minutos por viagem nas extremidades do percurso em comparação com a situação atual",indica,acrescentando que o acompanhamento policial facilitou e representou "condições artificiais,que não se replicariam em operação normal".

No relatório,a STCP assinala ainda que a utilização da estação da Casa da Música "revelou-se inviável" e que a entrada em contra sentido na rotunda da Boavista e,consequente,integração no canal "não são exequíveis devido às limitações físicas do traçado".

"Qualquer tentativa de adaptar a infraestrutura para permitir a utilização desta estação exigiria uma remodelação profunda e custos significativos,inviáveis para uma solução temporária. Dada a configuração atual,a estação Casa da Música não pode ser utilizada,uma vez que não oferece os níveis mínimos de segurança para a operação",considera.

O relatório tinha como objetivo fornecer à Câmara do Porto e grupo de trabalho da Assembleia Municipal uma análise dos testes,para permitir "uma tomada de decisão sobre a operação de transporte público" no canal,enquanto o material circulante e o sistema de produção e abastecimento de hidrogénio verde não estão disponíveis.

O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos,respetivamente.

Os veículos definitivos do serviços custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.

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