Morto aos 91, Quincy Jones foi 'arquiteto' e maestro de megaestrelas em 'We are the world'; relembre bastidores

Panorâmica registra os artistas que participaram,na noite de 28 de janeiro de 1985,no A&M Studios,em Los Angeles,de um momento especial da história da música pop americana: muitos astros unidos por uma causa — Foto: Divulgação/Netflix

RESUMO

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GERADO EM: 04/11/2024 - 05:58

Falecimento de Quincy Jones,mestre de "We are the world",revelado em documentário.

Quincy Jones,produtor musical de renome,faleceu aos 91 anos. Ele foi o mestre por trás de "We are the world",unindo 45 estrelas em prol da caridade. O hit se tornou um sucesso instantâneo,arrecadando milhões. O documentário revela bastidores,incluindo momentos marcantes com artistas como Stevie Wonder e Ray Charles. Controvérsias e ausências de Madonna também são destacadas,mostrando a complexidade por trás de um dos maiores projetos musicais da história.

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O músico Quincy Jones,que produziu grandes artistas como Michael Jackson e Frank Sinatra,morreu aos 91 anos,informou a imprensa americana nesta segunda-feira (4). O óbito foi confirmado por seu agente Arnold Robinson em um comunicado que não revela a causa do falecimento.

Entre outros feitos na carreira,foi ele o arquiteto da gravação do hit "We are the world",protagonizado por 45 artistas americanos em 28 de janeiro de 1985,no A&M Studios,em Los Angeles.

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Naquela noite,entrando pela madrugada,talentos do primeiríssimo time do pop-rock entregaram-se à batuta do produtor Quincy Jones para gravar a canção,cuja arrecadação forneceria fundos para socorrer países africanos em situação de pobreza extrema.

A constelação contava com solos de artistas do calibre de Bruce Springsteen,Bob Dylan,Diana Ross,Ray Charles,Stevie Wonder e Tina Turner,entre outros,acompanhados por um coro formado por cantores como Bette Midler e John Oates,entre tantos que “fizeram” a música pop naquela década.

O cantor e ativista Harry Belafonte idealizara o projeto americano depois de ouvir a canção “Feed the world”,lançada em dezembro do ano anterior. Essa iniciativa,liderada pelo músico Bob Geldof,da banda irlandesa Boomtown Rats,reuniu vozes de artistas britânicos como Paul McCartney,David Bowie,Sting,Boy George,George Michael e Bono,entre outros.

Regravada,copiada e parodiada ainda hoje,“We are the world”,composta por Michael Jackson e Lionel Richie,ostenta uma força inconteste na história da música. O documentário que chega à Netflix relata os bastidores da gravação,esclarece o motivo de algumas notórias ausências,revela vulnerabilidades inesperadas e ainda ressalta a atitude “pé no chão” de Quincy Jones,que pregou uma mensagem na porta do estúdio com o pedido: “Deixem seus egos do lado de fora.”

Um documentário lançado recentemente — “The greatest night in pop” (“A noite que mudou o pop”,no Brasil) — jogou luz sobre o momento histórico. A seguir,confira curiosidades sobre o überhit “We are the world” que não necessariamente estão na produção.

Hit Instantâneo

Lançado em março de 1985,“We are the world” se tornou um dos singles mais vendidos de todos os tempos. Foram sete milhões de cópias somente no primeiro mês. Estima-se que as vendas do single e do álbum tenham arrecadado,em números atualizados,cerca de US$ 180 milhões (R$ 885 milhões). Além disso,“We are the world” foi também o primeiro single certificado com “platina múltipla” e “platina quádrupla” pela indústria fonográfica americana. Todo o valor foi destinado para a fundação USA for Africa,que coordenou as doações. O país mais contemplado pelo projeto foi a Etiópia.

Gênios

Quem assiste ao documentário logo percebe que os ícones Stevie Wonder e Ray Charles têm lugar de destaque naquele contexto. Praticamente todas as superestrelas do elenco de “We are the world” reverenciam os dois gênios da música. Não por acaso,eles foram os responsáveis por alguns momentos divertidos da noite. Stevie fingiu errar uma nota para descontrair a turma e ainda deu uma “zoada” em Quincy Jones. Já Ray sentou-se a um piano para exercitar variações melódicas para a faixa,impressionando ainda mais os colegas com seu virtuosismo. E,num momento de descontração,enquanto a turma cantarolava o hit sessentista “Day-O”,de Belafonte,Wonder improvisou um verso que dizia: “Quem não cantar direito hoje vai para casa num carro dirigido por mim e pelo Ray.”

Dia Ruim

Ainda que dispostos a participar do evento,Bob Dylan e Bruce Springsteen não estavam lá nos melhores dias. Bruce conta no documentário que sua voz não estava 100% porque encerrara,na véspera da gravação em Los Angeles,a turnê com o disco “Born in the USA”. Já Dylan não conseguia encontrar o tom em que deveria cantar sua participação e pediu ajuda para alguém do seu nível: “Stevie,você pode tocar as notas de novo,por favor?” E assim,Stevie Wonder ensaiou Bob,atuando como “coach” vocal de um dos maiores poetas da língua inglesa em todos os tempos. De certa maneira,Stevie lembrou a Bob Dylan como este deveria cantar ao estilo de... Bob Dylan.

Que deselegante...

Lionel Richie e Michael Jackson na gravação de 'We are the world' — Foto: Reprodução

Se você cruzou com um vídeo no TikTok em que o cantor Huey Lewis tenta cantar um verso de “We are the world” sob o olhar preocupado de Michael Jackson,fique sabendo que é tudo real. É que o cantor foi acionado durante a gravação para substituir o megastar Prince,que havia declinado,em definitivo,do convite para participar do evento. Prince exigira uma sala separada de todos os outros colegas para registrar a sua participação,mas Lionel não autorizou a deselegância: “A ideia é que estivéssemos todos juntos.” Lionel ainda conta que o problema de Prince tinha nome e sobrenome: o arquirrival Michael Jackson.

Um brinde!

Virtuoso do jazz,Al Jarreau foi um dos artistas mais celebrados da madrugada. Além de ser querido pelos colegas,ainda puxou uma homenagem a Harry Belafonte,cantando “Day-O”. Só que Al estava tão feliz com o encontro dos artistas que parecia querer celebrar a realização antes da conclusão da gravação. “Toda hora ele pedia mais uma garrafa de vinho,e eu ia lá escondê-la. Foi assim a noite toda”,revela Lionel. “Ficamos loucos para captar logo a voz do Al antes que ele apagasse”,conta o cantor e amigo.

Barrada

Madonna — Foto: Divulgação

A ausência de Madonna em “We are the world” também já foi motivo de lendas urbanas. A popstar havia acabado de lançar o álbum “Like a virgin” e era um dos grandes nomes do momento. No doc,a produtora Harriet Sternberg explica: “Eu queria Madonna,mas o (produtor-chefe) Ken Kragen havia escolhido Cindy Lauper. Nós brigamos feio por causa disso.” Aparentemente,a impossibilidade de contar com ambas no mesmo estúdio só existia na mente dos produtores,uma vez que tanto Cindy quanto Madonna nunca alimentaram a alegada rivalidade.

Confusão

Não convide para a mesma mesa o produtor Quincy Jones e a superstar Cindy Lauper. Em 2019,Cindy contou ao apresentador Andy Cohen que ela detestou “We are the world”. A bomba foi uma resposta a uma entrevista de Quincy à revista Vulture,em 2018. Ao ser perguntado sobre quem havia sido a pessoa mais difícil de lidar naquela noite,ele não pestanejou: “Cindy. Dias antes,ela mandou recado pelo empresário dizendo que ‘os caras’ não tinham gostado da música’. Na verdade,foi ela que não gostou. Aí depois ela apareceu lá,mas atrapalhou a gravação... Eu cheguei a dizer que ela poderia ir embora se quisesse. Mas ela ficou.” Drama.

Im memoriam

No ano passado,a rainha do rock Tina Turner foi a décima integrante do elenco de “We are the world” a morrer. Já não estão mais entre nós Belafonte; Al Jarreau; os ícones do country Kenny Rogers e Waylon Jennings; as irmãs pop do The Pointer Sisters,June e Anita Pointer; o hitmaker romântico James Ingram; e o incomparável Ray Charles,além de um dos compositores da faixa e eternamente coroado Rei do Pop,Michael Jackson.

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