'Rapel terapia' na Praia da Boa Viagem,em Niterói — Foto: Márcia Foletto
Desde a chegada dos primeiros viajantes europeus,no início do século XVI — quando foi confundida com a foz de um rio —,a Baía de Guanabara tem sua beleza louvada. Nos últimos tempos,no entanto,o encanto da paisagem andou ofuscado pelos efeitos da poluição,entre outros estragos promovidos por ação do homem. Mas o jogo,agora,começa a virar: a baía,que seus desbravadores chamaram inicialmente de “Rio de Janeiro”,vem sendo redescoberta de variadas maneiras.
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Na foto,a artesã Maria Luiza Lyra fotografa as cadeiras que produziu na Prainha da Glória — Foto: Márcia Foletto
A região oferece novos points na orla,como a Prainha da Glória,e melhoras na balneabilidade também vêm incentivando a prática esportiva. Festas à beira-mar ganham charme extra em construções atraentes de seu entorno,como o Museu do Amanhã e a Ilha Fiscal. Bonito por natureza,esse cenário ainda tem valor histórico reconhecido: relíquias do século XVI,a Fortaleza de São João,na Urca,e a de Santa Cruz,em Niterói,foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em setembro passado.
Baía de Guanabara sob novos ângulos: atividades dentro e fora do mar
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De manhã cedinho,alunos da escola de natação Mar Adentro se preparam para nadar na praia de Icaraí — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Braçada a braçada,os alunos treinam com a vista para o Pão de Açúcar em Icaraí — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Dupla da "Rapel Terapia",na Praia da Boa Viagem,em Niterói — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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A prática "rapeleira",como eles chamam,acontece na ponte da Boa Viagem,no Ingá — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Prática de Rapel Terapia,no Ingá,em Niterói — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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A artesã Maria Luiza Lyra fotografa,na Prainha da Glória,as cadeiras que produziu — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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A Prainha da Glória,com a qualidade da água aprovada pelo Inea,tem recebido mais frequentadores — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Mar e tranquilidade: uma moradora aproveita para ler no sol na Prainha da Glória — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Baía na paisagem. Gravação do DVD do Sorriso Maroto,no Caminho Niemeyer,em Niterói — Foto: Cadu Fernandes/Divulgação
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Bloco Boto Marinho,na Ilha de Paquetá — Foto: Divulgação/Felipe Tavares
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Catamarã atravessa a Baía em dia de névoa; local vai receber campeonato de vela Sail GP em maio de 2025 — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
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Fortaleza de Santa Cruz,construção beneficiada com tombamento definitivo pelo Iphan — Foto: Divulgação/Neltur
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Fortaleza de São João Batista,abriga a Praia de Fora,entre os morros Cara de Cão e o Pão de Açúcar — Foto: Exército Brasileiro / Divulgação
No Rio,várias atividades pipocam no entorno da Baía de Guanabara e,com a melhoria da qualidade das águas,até no mar
A designer Maria Luiza Lyra só precisa atravessar a rua para curtir o point da vez: moradora da Glória,ela aproveita a Prainha para divulgar as peças de macramê de sua marca e dar um mergulho. As águas locais passaram a ser monitoradas há dois meses pelo Instituto Estadual do Ambiente. No boletim mais recente,do dia 17,seguiam próprias para o banho.
— É muito gostoso. O lugar é lindo,fica de cara para o Pão de Açúcar e,se você olhar para trás,vê o Cristo Redentor. Tem dias que a água está transparente. Vou aproveitar muito nesse verão — conta Maria Luiza.
Braçadas no mar
A qualidade da água é boa-nova para adeptos de um esporte em alta: a natação no mar. À frente da equipe Mar Adentro,que treina na Praia de Icaraí,a professora Cassiana Azeredo conta que começou com seis alunos,na pandemia,e hoje tem cerca de cem participantes,em turmas de segunda a sábado.
— A natação no mar traz conhecimento sobre consciência ambiental,sobre uso do espaço público. E a Praia de Icaraí,por ser mais calma,é ideal para treinos — diz Cassiana.
O carioca vem redescobrindo encantos da paisagem da baía,de redutos históricos a programação de lazer,festas e competições esportivas. A escola de natação Mar Adentro funciona na praia de Icaraí. Na foto,a militar da Marinha Mônica Santos. — Foto: Márcia Foletto
A orla niteroiense da baía reserva outros atrativos e surpresas. Abriga grupos de ginástica em tecido,circuitos de treino e até uma variação em torno do rapel. Os amigos Fernando Niedo e Cláudio Queiroz são os criadores do “Rapel Terapia”,grupo para iniciantes na atividade. Em Niterói,a descida é na Praia da Boa Viagem.
— Comecei fazendo trilha,o rapel veio depois. Foi mesmo a minha terapia. Eu tinha depressão e me curei praticando esse esporte: me fez tão bem que quis levar para outras pessoas — conta Cláudio.
No meio da descida,o pessoal aproveita a “cadeirinha” do equipamento para balançar de um lado para o outro e até ficar de “ponta-cabeça”.
— São outras formas de olhar a Baía de Guanabara. Às vezes fazemos café da manhã,curtindo a praia no final da prática. É muito bom — acrescenta Fernando.
A vista da região ganha contornos de aula de história ser for alcançada das fortalezas de São João e de Santa Cruz,ambas abertas à visitação. Partes de um pioneiro sistema de defesa da baía,a primeira guarda a Praia de Fora,onde Estácio de Sá e seus homens fundaram a cidade do Rio de Janeiro,em 1º de março de 1565. Já da base de Santa Cruz partiram os disparos de artilharia que impediram a invasão das águas da Guanabara pelo corsário francês Duclerc,em 1710. Em maio de 2025,navegadores do mundo visitarão a baía em missão de paz,na sexta temporada do Sail GP. O campeonato,conhecido como a Fórmula 1 da vela,chega pela primeira vez à América do Sul.
Cena cultural
Quando o assunto é festa,as locações que têm a Baía como pano de fundo são algumas das mais disputadas no eixo Rio-Niterói. O Caminho Niemeyer,no Centro de Niterói,vem sendo requisitado para a locação de eventos de grandes artistas. Muitos deles aproveitam o visual do pôr do sol para garantir aquela moldura perfeita do palco. O grupo de pagode Sorriso Maroto gravou,no fim de setembro,um DVD no local em tarde ensolarada. No dia 24 de novembro,será a vez do coletivo de DJs alemães Kinemusik,sucesso mundial,tocar no espaço,escolhido a dedo para uma festa diurna.
— “Sorriso eu gosto — No Pagode 1”,que gravamos no Rio,tem uma vista linda para o Cristo. Niterói é uma cidade que sempre abraça o Sorriso e,nesse volume 2 do DVD,a ideia era trazer um pôr do sol bem bonito,uma atmosfera de sunset. Não tem lugar melhor que o Caminho Niemeyer para isso,com uma vista lindíssima — diz Bruno Cardoso,vocalista do Sorriso Maroto.
Baile na Ilha Fiscal
Em busca de locações de tirar o fôlego para os eventos que produz,o empresário André Barros,que levará o Kinemusik para o Caminho Niemeyer,também acaba de anunciar duas festas de fim de ano,incluindo o réveillon,em outro espaço icônico na Baía de Guanabara: a Ilha Fiscal.
— O Rio tem essa abundância de belezas e algumas locações acabam sendo o grande atrativo do evento. É óbvio que a gente coloca uma atração musical superbacana,mas celebrar o réveillon na Ilha Fiscal é muito interessante. A resposta é imediata,todo mundo quer ir. Estaremos cercados pela Baía de Guanabara,aquela imensidão. Mesmo a gente que mora por aqui tem a sensação de estar viajando — afirma o empresário.
Baía na paisagem. Gravação do DVD do Sorriso Maroto,em Niterói — Foto: Cadu Fernandes/Divulgação
Tradicionais endereços de eventos badalados com vista para as águas da baía,os espaços da Zona Portuária também são concorridos. Um ano após se apresentar no Museu do Amanhã,na Praça Mauá,o DJ britânico Carl Cox,ícone da cena eletrônica desde os anos 1980,volta ao Brasil no dia 29 de dezembro. Desta vez,a apresentação vai acontecer no Armazém da Utopia,na festa Some.