Fafá de Belém — Foto: Edilson Dantas/ Agência O Globo
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 17/10/2024 - 04:30
Fafá de Belém no Círio de Nazaré: Emoções e Tradições em Belém
Fafá de Belém reúne emoções e tradições no Círio de Nazaré,evento marcante em Belém. A jornalista embarca nessa celebração única,destacando a energia positiva,a cultura local e a alegria contagiante da festa religiosa. A experiência revela a beleza da Amazônia e a atmosfera festiva de Belém,mesmo em meio a obras e reformas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Houve um tempo,há muitas e muitas luas,em que Fafá de Belém ficava aqui em casa quando vinha ao Rio. Era sempre um acontecimento. Não sei quando nós dormíamos porque,na minha memória,passávamos a noite acordadas,conversando animadamente; aliás,impossível conversar não animadamente com a Fafá. Uma vez,ela chegou de Marajó com as pernas em fogo,cheias de placas vermelhas. Achei que tínhamos que ir para o hospital.
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— Não,Corinha,isso é normal.
— Como assim,normal?
— Sabe quando você está dançando carimbó de pé no chão,as formigas sobem pela perna e você não sente?
— Ah sim,claro,isso me acontece sempre.
Até hoje rimos disso. Inclusive,na semana passada,almoçando na Ilha do Combu,a 20 minutos de barco de Belém. Imaginem toda aquela água,todo aquele verde,aquele céu,um ventinho soprando — e mais postas magníficas de tambaqui,filhote,pirarucu assado,charque e banana frita,tacacá,todos os tipos de farinha,açaí colhido na hora. A gente ri de qualquer coisa.
Eu estava lá para o Círio de Nazaré,que tinha visto uma vez,há mais de dez anos: uma dessas experiências “únicas” na vida que dei a sorte de repetir,graças justamente à Fafá. Há 14 anos ela inventou uma casa acolhedora com varanda e vista para a procissão,e foi chamando pessoas de fora para conhecer o fenômeno. A Varanda de Nazaré cresceu,virou referência e deu filhotes. Hoje há diversos camarotes no Círio,mas nenhum se compara ao original,com o seu capricho e a sua eclética mistura de personalidades.
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Na primeira vez,fiquei em dúvida se ia. Não sou ateia militante,acho que cada um acredita no que quer,mas o que é que eu ia fazer numa festa religiosa? Fafá insistiu,e pude descobrir que,mais do que procissão,o Círio de Nazaré é uma celebração da cultura local e da vida em geral.
Não acredito em divindades,mas acredito em energia e em vibrações,negativas e positivas. Assim como nosso réveillon,que reúne uma multidão empenhada em ser feliz e começar bem o ano,o Círio reúne milhões de pessoas que,pelo menos naquele momento,querem ser boas e mostrar o melhor de si. O resultado é emocionante.
Dessa vez,minha dúvida era diferente. Virei um bicho do mato que não gosta de sair de casa. Eu já tinha ido uma vez,check,precisava ir outra? Cheguei ao hotel às duas da manhã,dormi preocupada com os gatos contrariados em casa,mas,no dia seguinte,assim que embarquei rumo à ilha,o rio e a floresta me ganharam e senti a imensa felicidade de estar na Amazônia. O voo é longo e desconfortável; a umidade e o calor não são para amadores,mas o Pará na época do Círio é um lugar excepcional que vale cada minuto da viagem.
A Belém de 2024,às vésperas da COP30,me lembrou o Rio de 2015,todo em obras para a Olimpíada. Belém está cheia de tapumes,reformas e ruas desviadas — mas nada disso impediu a alegria geral,a profusão de sorrisos,os desejos de “Feliz Círio!” por toda a parte.
Já estou com saudades.