Favela no Complexo da Maré,no Rio — Foto: Gabriel de Paiva
RESUMO
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Perigos nas Vias Próximas às Favelas no Rio
Nos últimos 10 anos,11 pessoas foram baleadas por entrarem por engano em favelas no Rio,incluindo turistas e moradores. A falta de sinalização adequada e a presença de criminosos armados contribuem para esses trágicos incidentes,evidenciando a complexidade e perigo das vias próximas às comunidades cariocas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Não é a primeira vez que uma pessoa é baleada por criminosos ao entrar,por engano,no Complexo da Maré,na Zona Norte do Rio. O conjunto de favelas,formado por 16 comunidades,está localizado entre a Avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha. Por estar cercado de vias expressas,a Maré registra vários casos de ataques a motoristas que erram o caminho,apesar de haver sinalização indicando os acessos à comunidade. Na manhã desta quarta-feira,mais um triste episódio se repetiu. Desta vez,a vítima mais recente foi uma adolescente de 14 anos que estava acompanhada do pai.
Segurança Pública: como o Complexo da Maré se transformou num desafio à segurança pública do RioViolência: adolescente baleada na Maré deu entrada no Getúlio Vargas no momento em que governador inaugurava parte da reforma do hospital
Os dois que são de Minas Gerais estavam de passagem pelo Rio de Janeiro quando erraram o caminho e entraram em uma das comunidades. A jovem foi atingida na altura do quadril. Ela foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas,na Penha,onde foi submetida a uma cirurgia. De acordo com a unidade,o estado de saúde dela é grave.
Os dois voltavam para a Barra da Tijuca onde estão hospedados em uma Mercedes,modelo GLA,preta. Mas o pai ao tentar retornar para a Linha Amarela,entrou por engano na Avenida Guilherme Maxwell,atrás do Centro de preparação de oficiais da reserva (CPOR). Os criminosos ordenaram ao motorista,que parasse o veículo. Assustado,ele acelerou,fugindo dos marginais,que efetuaram disparos na direção do veículo,acertando a adolescente. Eles foram socorridos por uma equipe do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE).
A região onde pai e filha entraram é conhecida como Tijolinho e faz parte da comunidade Baixa do Sapateiro,dominada pelo Terceiro Comando Puro. Ela é uma das 16 que compõe o Conjunto de Favelas da Maré.
Relembre outros casos
Complexo da Maré
Em outubro de 2022,dois turistas italianos foram baleados ao entrar,no Complexo da Maré. Riccardo Cefis,21 anos,e Nicolo Desiato,de 23,saíram de uma festa na Marina da Glória e estavam a caminho de São Paulo. Os dois estavam de carro e acompanhados por outros três italianos quando decidiram parar em uma lanchonete na Avenida Brasil. Como a lanchonete ficava na pista oposta,eles teriam se guiado pelo GPS para pegar um retorno e acabaram entrando na favela. O carro dos italianos foi alvejado por dois tiros. Um deles acertou o tanque de combustível. O outro entrou pelo porta-malas e atingiu as vítimas no banco traseiro. Riccardo Cefis levou um tiro na costela,no braço esquerdo. O caso teve repercussão internacional.
Em 2016,dois policiais da Força Nacional de Segurança (FN) foram alvos de uma emboscada. A viatura errou o caminho e entrou na Vila do João. O soldado Hélio Vieira,natural de Roraima,foi atingido por um tiro no rosto. Outro baleado foi identificado como capitão Allen (do Acre),que foi ferido por um tiro de raspão também no rosto.
Em junho de 2013,o engenheiro Gil Augusto Barbosa,de 53 anos,morreu após ser baleado na cabeça ao também entrar por engano na Vila do João,no mesmo caminho feito ontem pelos agentes da Força Nacional. O engenheiro buscaria sua mulher no Aeroporto Tom Jobim,mas,como ela telefonou dizendo que havia tomado um táxi para casa,ele tentou fazer um retorno e acabou entrando na comunidade. A sinalização inadequada na Linha Amarela pode ter sido um dos motivos que fizeram o engenheiro cometer o erro. O acesso à comunidade não estava indicado na época do crime.
Barro Vermelho
Em abril deste ano,Ewerton Braz de Souza,de 29 anos,que trabalhava como motorista de carro por aplicativo desapareceu após entrar,na comunidade do Barro Vermelho,em Duque de Caxias,na Baixada Fluminense. A família chegou a ir até a favela e conversar com traficantes,em busca de respostas sobre o paradeiro de Ewerton,mas ele ainda não foi localizado.
Quitungo
Em junho,um motorista de aplicativo e sua passageira foram baleados após entrarem por engano na comunidade do Quitungo,em Brás de Pina,na Zona Norte do Rio. Wilson Brasilino de Oliveira,de 47 anos,e Valquíria da Silva Oliveira,de 54,foram atingidas quando passavam pela Rua Irapuá.
Chapadão
Em 2022,o motorista de aplicativo Paulo Alberto Lara Fernandes,de 56 anos,foi morto ao entrar na Rua Fernando Lobo,em Ricardo de Albuquerque,região do Complexo do Chapadão,na Zona Norte do Rio. Poucos dias depois,um policial militar e um caminhoneiro foram baleados na Zona Oeste. O subtenente do 4º BPM (São Cristóvão) Luis Carlos da Silva,de 52 anos,tentava escapar de um congestionamento quando foi atingido ao passar pela favela Cavalo de Aço,em Senador Camará. Já William Lúcio Lourenzo,de 46,foi baleado dentro da Vila Aliança.
Cidade Alta
O mesmo aconteceu com Christiano Coimbra de Mendonça,de 43 anos,em 2020,ao entrar de carro,numa rua que dá acesso à comunidade da Cidade Alta,localizada às margens da Avenida Brasil. O caso aconteceu em outubro de 2020. De acordo com a Polícia Militar,ele seguia o trajeto sugerido por um aplicativo de trânsito. Ao perceber o erro,ele tentou sair da Estrada Porto Velho,ao avistarem o Jeep Compass dirigido pela vítima,bandidos armados de fuzis e pistolas dispararam contra o carro. Pelo menos quatro disparos acertaram o automóvel,um no vidro dianteiro,um na lateral direita e dois na mala. Christiano teria sido ferido na região lombar.