Influência reduzida

O prefeito e candidato à reeleição em São Paulo,Ricardo Nunes (MDB),no Roda Viva — Foto: Reprodução/TV Cultura

RESUMO

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GERADO EM: 12/09/2024 - 04:30

Influência de Bolsonaro em declínio nas eleições municipais de SP e RJ

A influência de Bolsonaro está em declínio nas eleições municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo,Ricardo Nunes lidera sem apoio decisivo do ex-presidente. Marçal e Boulos disputam,afastando o bolsonarismo. No Rio,a candidatura de Ramagem enfrenta dificuldades para ir ao segundo turno diante da liderança de Eduardo Paes. A pesquisa Quaest indica mudanças inesperadas,mostrando a fragilidade do bolsonarismo em ambas as capitais.

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As pesquisas Quaest sobre as eleições municipais no Rio e em São Paulo deixaram claro que o ex-presidente Bolsonaro não tem conseguido impor seus candidatos nas duas principais capitais do país. Em São Paulo,a situação fica mais explícita,pois ele errou ao praticamente deixar de lado a candidatura do prefeito Ricardo Nunes depois que o ex-coach Pablo Marçal surgiu como adversário surpresa.

A pesquisa de ontem mostra não apenas que Nunes recuperou popularidade depois da propaganda eleitoral no rádio e televisão,como Marçal está à frente de Boulos mesmo depois da briga política com o clã Bolsonaro e de ser barrado no palanque da Paulista. O resultado,ainda empate técnico entre os três candidatos,não se deve a nenhuma ação de Bolsonaro a favor de Nunes,muito menos de Marçal.

O fato de os dois estarem à frente da disputa neste momento indica,em vez de uma vitória bolsonarista,uma derrota de seu líder,que tentou se equilibrar entre os dois candidatos mais próximos e acabou perdendo a influência decisiva. Ao contrário,para não ter de escolher entre os dois,Bolsonaro decidiu abandonar a disputa paulistana e não pretende visitar a cidade até o dia da eleição. Mais grave: nenhum dos dois é mesmo de seu grupo político.

Nunes não deve a Bolsonaro a liderança que recuperou em São Paulo,muito menos a vitória fácil contra seus adversários num provável segundo turno. No momento,pesa mais a propaganda de sua gestão à frente da capital paulista. Os bolsonaristas se dispersam entre Nunes e Marçal,sem que Bolsonaro possa controlar esses votos. O mais grave para os bolsonaristas é a performance de Marçal,que está na segunda posição por conta e risco dele mesmo,sem obras para mostrar e sem apoio oficial da máquina bolsonarista.

Em vez disso,o apoio formal dos evangélicos,por meio do pastor Silas Malafaia,foi-lhe negado publicamente e de maneira agressiva. Malafaia chamou-o de psicopata. Nunes,por sua vez,foi deixado de lado pela família Bolsonaro quando parecia que Marçal o ultrapassaria. O peso do bolsonarismo na vitória em São Paulo será menor do que podia ser avaliado no início da campanha. Nunes temeu a “cristianização” em favor de Marçal,mas acabou demonstrando que o tempo na propaganda eleitoral da televisão ainda tem seu valor de convencimento do eleitorado.

Sem tempo próprio,e sem apoio formal de Bolsonaro,dependendo apenas das redes sociais,Marçal mostra resiliência,enquanto Boulos depende mais que nunca de Lula empenhar-se em sua campanha. Num hipotético segundo turno contra Marçal,o candidato da esquerda tem chance de vencer,embora estejam no momento ainda empatados. Mas perde sem apelação para o prefeito paulistano.

No Rio,a situação do bolsonarismo,em seu berço eleitoral,é mais frágil ainda. A cada pesquisa vai-se firmando a possibilidade de o prefeito Eduardo Paes se eleger no primeiro turno. Bolsonaro promete permanecer na cidade,e na campanha de seu candidato Ramagem,nos últimos dias da campanha do primeiro turno. Pode não ser suficiente para uma arrancada.

A pesquisa Quaest deu uma freada nas expectativas de crescimento que permitisse vislumbrar uma reação que o coloque no segundo turno. Embora tenha subido de 9% para 13%,viu Eduardo Paes subir os mesmos 4 pontos percentuais. Se já se surpreendera com o crescimento de Paes para 60%,pois pensara que ele já atingira seu máximo,agora viu o teto do adversário aumentar. O candidato do PL deixou escapar,na sabatina de ontem do Grupo Globo no rádio e nos jornais,que estudos mostram que o eleitor carioca só se decide mesmo na última semana da campanha.

Não citou,mas me lembrei do fenômeno Wilson Witzel,que venceu na última semana do primeiro turno a disputa de 2018 contra o então prefeito Paes. Pode ser que essa seja a esperança de Ramagem,mas o clima eleitoral hoje não é o mesmo de quando nasceu o fenômeno Bolsonaro.

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