Escolas desconectadas

Escola Pedro II,no Rio — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

RESUMO

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GERADO EM: 09/09/2024 - 04:30

Desafios da Conectividade nas Escolas Brasileiras.

Escolas desconectadas enfrentam desafios na oferta de tecnologia para melhorar aprendizagem. A correlação entre recursos tecnológicos e resultados acadêmicos é incerta,podendo refletir desigualdades. A implementação eficaz requer estratégias pedagógicas. Apesar de investimentos,a promessa de conexão total ainda não foi cumprida no Brasil. A conectividade pode impactar positivamente o ensino,mas exige infraestrutura adequada em todas as escolas.

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A disponibilidade de recursos tecnológicos nas escolas (mensurados pela oferta de internet para ensino e aprendizagem e de ao menos um equipamento de acesso para cada grupo de 10 alunos) está associada a melhores resultados de aprendizagem. A conclusão é de um levantamento que será divulgado nesta semana pelo Cieb (Centro de Inovação para a Educação Brasileira),realizado a partir do Censo Escolar e dos resultados,recém-divulgados,do Sistema de Avaliação da Educação Básica.

Pelos dados,não é possível afirmar que esses recursos tecnológicos são a causa de um melhor desempenho acadêmico. A correlação identificada,porém,pode demonstrar tanto algum impacto na aprendizagem quanto uma distribuição injusta desses recursos,com maior concentração naquelas de melhor resultado,que tendem a ser também as que atendem estudantes de maior nível socioeconômico.

Sobre a hipótese de a tecnologia ter impacto na melhoria da aprendizagem,a literatura acadêmica mostra que a simples oferta de equipamentos não garante sucesso,mas,quando associado a uma boa estratégia pedagógica,os resultados são promissores. Sobre a desigualdade,não resta dúvida de que temos um sério problema. Um estudo do Núcleo de Estudos Raciais do Insper e da Fundação Telefônica Vivo mostra,por exemplo,que escolas com maior proporção de alunos negros apresentam pior infraestrutura tecnológica.

Pode haver algum debate sobre a forma como a tecnologia deva ser utilizada nas escolas,mas há pouca discordância em relação à necessidade de,em pleno século XXI,assegurarmos que todos os estabelecimentos de ensino contem com uma conexão adequada. No entanto,reportagem de Karolini Bandeira,no GLOBO,mostrou em julho que 48% dos 138 mil estabelecimentos públicos de ensino do país sequer monitoravam a qualidade da conexão. Apenas 19% entre aquelas que conseguiam mensurar reportavam ter qualidade boa ou ótima. Se essa proporção for calculada considerando o total de 138 mil estabelecimentos (incluindo,portanto,os que não monitoravam a qualidade),são só 10%.

No dia 26 deste mês,completaremos um ano da promessa feita pelo presidente Lula,no lançamento do Plano Nacional de Escolas Conectadas,de garantir que 100% das escolas públicas tenham internet de qualidade até o fim de seu mandato. Desde então,avançamos pouco. E,nesse caso,o problema não parece ser falta de dinheiro,pois só de recursos arrecadados com o leilão do 5G há garantia de R$ 3,1 bilhões para conectar escolas,além de verbas do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) e de programas federais.

Logo após o anúncio de Lula,o governo executou um programa piloto em 177 escolas. Neste ano foram anunciados chamamentos públicos para as fases 2 e 3,para atendimento a mais 5.107. Recentemente,o governo anunciou mais uma fase,prevendo a implementação de conectividade em mais 20 mil escolas,mas ainda sem cronograma detalhado dos estabelecimentos a serem contemplados. Ou seja,para cumprir a meta de garantia de conexão adequada em 138 mil estabelecimentos,será preciso acelerar muito mais a partir do ano que vem.

A grande contribuição que a conectividade pode dar à aprendizagem depende de seu uso pedagógico. Mas,para isso,é preciso antes garantir a infraestrutura adequada em todas as escolas.

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