"Nesta altura,os indicadores económicos mostram-se estáveis para Portugal",além de que "as previsões para a condução da política monetária por parte do Banco Central Europeu são de estímulo pela redução das taxas de juro",nota Vítor Madeira,analista da Xtb.
Desta forma,"o contexto será para que a capacidade de pagar com as suas obrigações por parte do Estado sejam semelhantes com as da última avaliação,sendo para nós provável que o 'rating' seja mantido",considera.
Já no que diz respeito ao 'outlook' (perspetiva),atualmente positivo,o analista da Xtb salienta que "podem sempre existir mudanças",nomeadamente já que "o contexto macroeconómico europeu não é muito animador e é claro que este pode impactar a direção que Portugal atravessa".
"Além disso,a recuperação económica portuguesa tem vindo gradualmente acalmar,o que também pode indicar algum período de estagnação",sinaliza.
Paulo Monteiro Rosa,economista sénior do Banco Carregosa,também aponta à Lusa que "o mais provável é que haja uma reafirmação da classificação de crédito em 'A-'",mas "reiterando igualmente a perspetiva positiva do rating".
"As tendências de descida do rácio da dívida pública face ao PIB nominal e de consolidação orçamental dever-se-ão manter nos próximos meses,mas,no entanto,o ritmo deverá abrandar relativamente ao verificado nos últimos dois anos,os quais foram caracterizados por uma elevada inflação que suportou consideravelmente a melhoria das contas públicas portuguesas",indica o economista.
O responsável destaca ainda que,"nos últimos meses,o alívio fiscal,sobretudo ao nível do IRS,o aumento da despesa pública,essencialmente motivado pela subida dos salários dos funcionários do Estado,e uma eventual desaceleração do crescimento económico,são os principais entraves à manutenção da forte queda do rácio da dívida pública nacional observada desde 2022".
Outro "obstáculo" à revisão em alta da atual classificação de crédito é,tendo em conta o "suporte parlamentar minoritário do atual executivo em funções,uma ameaça a eleições antecipadas na votação do Orçamento do Estado para 2025 em outubro".
O economista sublinha que,nesta avaliação,a S&P vai tentar "perceber até que ponto o alívio fiscal e o aumento da despesa pública afetam a trajetória de queda da dívida pública e o excedente orçamental verificado em 2023",tendo também em conta o atual "momento político".
A pesar na análise da agência de notação financeira estará igualmente o contexto internacional,que pode afetar a economia portuguesa,nomeadamente o facto de a "economia alemã continuar a marcar passo e em território recessivo" e de o mercado de trabalho nos EUA estar a apresentar "gradualmente fragilidades".
Em março,a Standard&Poor's subiu o 'rating' de Portugal de 'BBB+' para 'A-',com perspetiva positiva,levando o país,treze anos depois,a estar entre os níveis 'A' de todas as principais agências.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira,com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas,uma vez que avalia o risco de crédito.