Notas de rodapé

Ana Barbosu,Jordan Chiles e Sabrina Voinea: protagonistas de polêmica em torno da medalha de bronze na final olímpica do solo — Foto: Fotos AFP

RESUMO

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GERADO EM: 15/08/2024 - 04:30

Críticas à Abertura da Olimpíada de Paris e Controvérsias na Competição

A abertura da Olimpíada de Paris foi criticada por incluir referências religiosas,apesar do evento ser universal. A cerimônia foi elogiada pela TV,mas assistir ao vivo teria sido menos agradável. A controvérsia sobre medalhas de ginástica ilustra a incompetência dos juízes e a falta de justiça no esporte de alto nível. A inclusão na Olimpíada é questionada,pois a competição é vista como exclusiva e meritocrática. A busca por justiça nos resultados esportivos é destacada como uma necessidade fundamental.

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Estou com síndrome de abstinência da Olimpíada. Estou com saudade de acompanhar esportes dos quais só nos lembramos de quatro em quatro anos,de torcer por pessoas extraordinárias fazendo o impossível,de reclamar do exagero dos locutores e da organização dos Jogos,de ter inveja de quem foi e,ao mesmo tempo,sentir um enorme alívio por não ter ido — imagina as filas,o calor,a tradicional simpatia dos parisienses estressados com turistas? De um lado,muitos cachos de uvas verdes; do outro,“Non,merci”.

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Achei a abertura bonita — vista pela televisão,évidemment. Teria odiado assistir ao vivo,ainda mais debaixo de chuva. Do conforto do sofá foi um espetáculo. A cidade esplendorosa,o misterioso camarada do parkour pulando de telhado em telhado,os atletas acenando dos barquinhos,o cavalo prateado galopando no rio,as referências históricas pelo caminho. Foram tantas,aliás,e tantas as explicações,que Paris acabou inventando uma nova modalidade: a Cerimônia de Abertura com Notas de Rodapé.

A já famigerada Última Ceia foi um imenso equívoco. Um evento universal como a Olimpíada não pode tripudiar da religião de ninguém,nem que seja por acaso,nem que seja sem querer,“nem pensamos nisso,imagina”. Tinham que ter pensado. Ah,mas a inclusão... Que inclusão? Olimpíada é o que há de mais exclusivo no mundo,uma disputa entre a elite da elite para saber justamente quem é mais elite: Citius,Altius,Fortius.

Em 2021 o Comitê Olímpico acrescentou Communiter,“juntos”,ao lema original,talvez para tornar mais palatável às novas sensibilidades a evidente meritocracia do evento; mas é uma bobagem. Inclusão é corrida beneficente no Aterro,onde todo mundo ganha medalha de participação e fica feliz.

E,por falar em medalha: que gente incompetente,insensível e muquirana essa que quer que Jordan Chiles devolva a dela! Para quem já esqueceu ou não está mais prestando atenção,na prova em que Rebeca Andrade ganhou o ouro houve uma controvérsia em relação ao bronze. Primeiro ele ficaria com a romena Ana Barbosu,mas a técnica dos Estados Unidos protestou e a sua reclamação foi aceita. Barbosu foi,portanto,para o quarto lugar,e Chiles subiu ao pódio (onde protagonizou,com Simone Biles,aquela linda reverência à campeã). A Romênia entrou com um recurso,ganhou e agora o COI,que entende que Chiles caiu para quinto lugar,quer que ela devolva a medalha.

Está tudo errado.

As atletas não têm culpa da incompetência dos juízes. Se há confusão,que deem uma medalha também para Ana Barbosu — e,de quebra,uma para Sabrina Maneca-Voinea,que pontuou abaixo de Barbosu,mas acima de Chiles. Ela ficou em quarto lugar pela última conta e tem,o direito moral de exigir medalha se Chiles,que ficou em quinto,mantiver a dela. Essa foi a solução sugerida pela Romênia,mas esnobada pelas autoridades,porque Communiter,afinal,só é bom no papel: na vida real,vale mesmo o Citius,Fortius de sempre.

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