Marília Mendonça, Barão Vermelho: as aventuras do produtor Peck Mecenas com grandes nomes da música

Prestes a completar 50 anos,Peck Mecenas fala da carreira que começou aos 13,na escola em que era bolsista — Foto: Ana Branco

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GERADO EM: 10/08/2024 - 06:00

Peck Mecenas: da Juventude com o Barão Vermelho ao Sucesso na Produção de Eventos na Marina da Glória

Peck Mecenas,produtor de eventos na Marina da Glória,narra sua trajetória desde a juventude com o Barão Vermelho até o sucesso na produção de grandes festivais. Com passagens por locais emblemáticos como Circo Voador,ele destaca desafios e a falta de apoio público. O produtor revela curiosidades sobre artistas,como Marília Mendonça,e aborda a valorização do público na cena musical.

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Garoto de 15 anos se enfia em turnê de banda consagrada e põe o pé na estrada com roqueiros excêntricos numa aventura muito louca. O que parece sinopse de filme da “Sessão da tarde” aconteceu de verdade com Péricles Mecenas. Conhecido no showbizz como Peck,hoje aos 49 anos,ele é o produtor responsável por boa parte dos shows e festivais de grande porte que aconteceram na Marina da Glória desde 2017,como o Festival de Inverno,entre muitos outros espalhados pelo Rio de Janeiro.

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A trajetória de Peck como agitador cultural começa nos corredores do São Bento,tradicional escola católica localizada no Centro do Rio. Em 1988,aos 13 anos — e precocemente,porque quem fazia isso eram os mais velhos —,ele comandou a produção do sarau anual da escola,para o qual acabou contratando Careca,então iluminador do Barão Vermelho. Os dois ficaram amigos,e ele acabou convidado para viajar com o Barão na turnê do ano seguinte,o que rendeu muitas histórias,conta ele ao GLOBO numa tarde ensolarada na Marina da Glória.

Peck Mecenas nasceu na Tijuca e cresceu no Flamengo,vindo de uma família de classe média baixa — a mãe trabalhava na antiga marca de surfwear Company e o pai o abandonou ainda pequeno. Entrou no São Bento como bolsista integral. Na fatídica estrada afora com o Barão,conheceu boa parte daquela geração do rock brasileiro que tomou de assalto a década de 1980,de Paralamas a Legião Urbana,passando por Engenheiros do Hawaii e Lobão. Chegou a cursar Comunicação Social na PUC-Rio,mas não completou o curso porque arrumou outra “faculdade” com a qual se identificava mais:

— Em 1992,fui trabalhar no Circo Voador com a Maria Juçá. Fiquei lá até o fechamento da lona pelo prefeito Luiz Paulo Conde,em 1996. Neste meio-tempo,produzi vários shows de forró e reggae na antiga Lona da Barra,que revelou nomes como Baia,Dread Lion,Pedro Luís... Depois,fui para a Fundição Progresso quando ainda não tinha nada direito lá. Fiquei anos fazendo a programação da casa. Em 2016,depois da Olimpíada do Rio,havia uma demanda de ocupação cultural na Marina da Glória,que tinha recebido um investimento para sediar competições nos Jogos. Foi quando me chamaram para produzir eventos aqui — recapitula o produtor.

Todos os ritmos

Na Marina,já veterano na cena de cultura e entretenimento da cidade,Peck se encontrou de vez. Sua produtora,a Peck Produções,decolou com eventos como Rock Brasil 40 anos,Viva Recife!,Sertanejo in Rio,Oktoberfest,90’s Festival,Clássicos do Brasil e Prio Blues & Jazz,além do Festival de Inverno,que aos poucos se consolida na agenda de uma cidade com vocação para o verão.

— Quando vim para a Marina,pensei: “O jogo está ganho no verão,mas e no inverno?” As pessoas costumam sair da cidade,então por que não tentar atrair o turista para cá nesse período? — diz Peck sobre uma das crias que lhe dão mais orgulho,e que vai para a oitava edição no ano que vem.

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Peck conta que vai a todos os eventos que produz,chega cedo,faz uma varredura pelo local para ver se está tudo correndo bem (“Eu preciso que o público tenha uma boa experiência,entendeu?”),fiscaliza desde a limpeza dos banheiros até os camarins que,diz o produtor,são muito elogiados pelos artistas. Se abstém de falar de concorrentes (“Vou mais aos festivais lá de fora”) e cita uma falta de apoio do poder público quando fala dos desafios de produzir grandes eventos no Rio. Diz que ouve tudo quanto é música — a brasileira,reforça —,mas tem queda especial por rock e reggae (“Conheço a obra toda do Bob Marley”). Também acumula experiência como empresário: já agenciou Cidade Negra,Armandinho e Ponto de Equilíbrio. E,ao longo dos anos,se tornou amigo de muitos artistas.

— Eu era o principal contratante da Marília Mendonça aqui no Rio. Lembro de ficar bebendo com ela no camarim até umas 5h30 da manhã,a gente abria a porta da casa de show e via o sol nascendo. E bebíamos bem,viu? — lembra o produtor.

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Como contratante,Peck afirma que não costuma ter problemas com os artistas. Há exceções pontuais,como uma cantora que declinou de um show na Marina em cima da hora (“Nunca mais chamo”) e uma consagrada banda de pop rock que também saiu de sua agenda por não cumprir um contrato que haviam firmado. Sobre cachês,cita uma supervalorização de artistas “muito midiáticos,mas que não vendem ingresso”:

— O artista vale quanto ele leva de público. Tem gente que está em todas,na TV,nas redes,mas,na hora de vender ingresso mesmo,não vende.

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