"O Conselho de Administração está ciente das dificuldades e preocupações que esta situação causa aos nossos colaboradores,clientes,fornecedores e demais 'stakeholders',e continuará a trabalhar para no mais curto espaço de tempo possível apresentar a Inapa à insolvência".
No comunicado ao mercado,a gestão diz ter sensibilizado a Parpública para "a circunstância de que a insolvência súbita,mas absolutamente evitável [...] teria o efeito devastador numa empresa nacional com ações admitidas a negociação" e que é "um dos principais distribuidores de papel europeu".
O Conselho de Administração disse estar "a explorar todas as possíveis soluções para mitigar os impactos desta crise e assegurar uma comunicação transparente ao longo deste processo".
O Conselho de Administração lembrou que os seus membros renunciaram aos cargos no passado dia 21 de julho,uma decisão que,asseguram,"surge após repetidas tentativas infrutíferas por parte da Inapa de obter o apoio do seu principal acionista,a Parpública,para diversas soluções alternativas de reforço de capital,apesar do apoio de outros 'stakeholders'".
"De facto,desde início de 2020 que a administração da Inapa apresentou à Parpública,enquanto maior acionista,diversas alternativas de capitalização,envolvendo sempre outros acionistas de referência. Após três anos de apresentação de diversas propostas alternativas devidamente fundamentadas,não foi possível avançar com qualquer solução por indisponibilidade da Parpública,comunicada à Inapa em janeiro de 2023",indicaram os gestores.
Já este ano,a Inapa retomou contactos com a Parpública,"no sentido de apoiar uma restruturação da empresa,com base num empréstimo de médio e longo prazo de 15 milhões de euros. Para esta restruturação,os principais bancos da Inapa contribuiriam com uma significativa redução da dívida ('haircut')",garantiu.
Ao longo deste período,salientaram,"a Inapa alertou a Parpública,para a necessidade premente de uma solução de capitalização" que permitisse ao grupo apoiar as suas operações.
No entanto,"na ausência de uma solução estrutural,e face às estritas regras sobre prazos de pagamento vigentes na Alemanha",a empresa diz ter-se visto forçada "em julho a solicitar aos seus acionistas de referência,Parpública (44,89%),Nova Expressão (10,85%) e Novo Banco (6,55%),um empréstimo de muito curto prazo a ser integralmente reembolsado até outubro de 2024".
De acordo com a gestão,"o montante global solicitado aos acionistas ascendeu a 12 milhões de euros,e seria proporcionalmente financiado pelos três principais acionistas,cabendo à Parpública 8,4 milhões de euros",sendo que,defenderam,"este empréstimo era crucial para resolver a carência de tesouraria sazonal da Inapa Deutschland e assim evitar a sua insolvência".
O Conselho de Administração assegurou que,"como era do conhecimento da Parpública,a inexistência do apoio de tesouraria acima referido resultaria na declaração de insolvência na Alemanha,atendendo às estritas regras sobre prazos de pagamento vigentes [...],e no inevitável e imediato contágio à Inapa IPG e consequentemente a todo o Grupo Inapa".
O Ministério das Finanças disse na segunda-feira que a Parpública não iria conceder à Inapa os financiamentos pedidos.
Em resposta à Lusa,a tutela disse que só soube da "situação crítica" em que estava a Inapa em 11 de julho (aquando da suspensão das ações) e que foi aí que convocou a Parpública,que explicou que a empresa tinha pedido uma injeção de 12 milhões de euros para necessidades de tesouraria imediatas na operação na Alemanha quando já tinha um pedido de 15 milhões de euros para reestruturação.
Perante essas informações,foram pedidos pareceres à Parpública,à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM),afirmando as Finanças que as três entidades concluíram que "a proposta não reunia condições sólidas,nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado".
[Notícia atualizada às 19h06]