Hora do crime: veja os dias e os horários mais comuns de delitos cometidos no Estado do Rio

irmã e a mãe de Daniel Mascarenhas,morto durante assalto na Lapa,dizem que não frequentam mais o bairro — Foto: Hermes de Paula

RESUMO

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GERADO EM: 25/07/2024 - 04:30

Padrões de crimes no Rio de Janeiro: horários e estratégias de segurança.

A violência no Estado do Rio de Janeiro tem horários e dias mais comuns para crimes,como roubos de celulares e veículos. Estelionatos se concentram nas manhãs de quartas-feiras. Homicídios dolosos têm picos à noite de terça-feira e no início das tardes de terça. A polícia busca aumentar a sensação de segurança com policiamento estratégico.

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O dia mal havia começado quando a professora Layla Marinho Paixão,de 35 anos,foi atingida com um tiro nas costas e outro no abdômen em uma tentativa de assalto,em Belford Roxo,na Baixada Fluminense. Ela estava no banco do carona do carro,dirigido pelo marido,e não resistiu aos ferimentos. Pouco tempo depois,por volta das 10h30,no Cachambi,na Zona Norte,uma mulher foi espancada ao se recusar a entregar o celular a um ladrão. Foi o segundo caso de agressão em assaltos em menos de 12 horas. Na madrugada de ontem,em Nova Iguaçu,uma idosa de 65 anos foi ferida com coronhadas e está internada em estado gravíssimo.

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Professora morre baleada em tentativa de assalto em Belford Roxo — Foto: Reprodução das redes sociais

Parte da rotina do morador do Rio,a violência pode fazer uma vítima a qualquer momento. No entanto,um levantamento feito pelo GLOBO com base nos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP),de janeiro a junho deste ano,revela dias e horários em que os criminosos agem mais frequentemente,além dos momentos em que determinados delitos são assíduos. As noites de domingo,justo quando as ruas costumam estar mais vazias,se mostram particularmente perigosas para dois tipos de malfeito que amedrontam a população: o roubo de celulares,com picos por volta das 20h e das 22h,e o de veículos,perto das 22h. As primeiras horas de sol também guardam os seus riscos. Nesse período há alta nos roubos em coletivos,sobretudo em torno das 7h das segundas-feiras,quando muitas pessoas estão a caminho do trabalho.

Carla Nunes,de 65 anos,foi agredida durante um assalto em Nova Iguaçu — Foto: Reprodução/TV Globo

Golpes pela manhã

Nas manhãs,aliás,se concentra o crime com mais registros este ano no estado: o estelionato. Dos 73.076 casos,de janeiro a junho,a maior parte das abordagens — 1.599 ocorrências (3,71% dos registros) — aconteceupor volta das 10h das quartas-feiras. Esse horário,em qualquer dia da semana,é,a propósito,um dos favoritos dos golpistas.

As noites,por sua vez,além dos roubos de veículos e de celulares,ainda parecem propícias para os assaltos a transeuntes (sobretudo aos domingos,perto das 22h),assim como os furtos de celular (principalmente aos domingos,perto das 23h) e de veículo (mais comuns em torno da meia-noite das sextas-feiras). O terror vivido duas vezes,em menos de dois meses,por um casal retrata porque esse horário nas ruas é,para muitos,de sensação de insegurança. Por volta da meia-noite do dia 29 de junho deste ano,um sábado,os dois,que preferiram não ser identificados,foram abordado por bandidos enquanto entravam com o carro na garagem de um prédio na Tijuca,na Zona Norte. Para fugir dos criminosos,a motorista acelerou e entrou com o veículo no edifício. Porém,os bandidos seguiram as vítimas e terminaram levando o carro,assim como carteiras e celulares.

O casal já tinha sido vítima de um assalto parecido no mês anterior. No dia 4 de maio,um sábado à noite,entravam na garagem do mesmo prédio quando foram abordados por bandidos em motocicletas. Da mesma maneira,eles tentaram fugir para o interior do prédio.

— As duas situações aconteceram na porta do prédio,no mesmo lugar. Eu não sei dizer se estavam nos seguindo ou não,foi tudo muito rápido. Eles conseguiram levar o carro e alguns pertences. Depois disso,nós conseguimos comprar um novo veículo,mas não tivemos paz. Fomos ao aniversário de uns amigos e,quando eu fui entrar na garagem,a mesma coisa,na mesma rua. Só que,nessa segunda vez,eles foram mais agressivos — conta uma das vítimas.

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Os horários oscilam quando os casos de homicídios dolosos são analisados. Os números detalham que o perigo está presente nas manhãs de segunda-feira e no início das tardes de terça-feira. Contudo,os picos estão nas noites de terça,por volta 22h,e no começo das madrugadas de sábado e domingo. Ao todo,1.475 casos foram registrados este ano,sendo a maioria deles em Belford Roxo.

A vida da família de Daniel Mascarenhas Xavier da Silva,de 31 anos,mudou para sempre após a morte do rapaz durante um assalto na Lapa em janeiro do ano passado. O guia turístico estava indo para casa,na madrugada do dia 4,depois de conduzir um grupo de turistas por um roteiro noturno a pé pelos bares e restaurantes do bairro quando foi abordado por duas mulheres numa moto. Daniel entregou a bolsa que carregava com pouco mais de R$ 300 que havia recebido pelo trabalho da noite,mas reagiu quando uma delas pediu o celular. Na luta,ele foi esfaqueado e,sem socorro,morreu em frente ao Hospital Souza Aguiar,na Praça da República.

— Desde a morte do Daniel,só voltamos à Lapa para a passeata organizada em sua homenagem. Depois,sequer vamos mais ao Centro. Era lá que sempre o deixava para trabalhar nos dias de seus plantões na empresa de turismo e era lá que ele ajudava uma ONG que cuida de moradores de rua. O Rio não é uma cidade segura há muito tempo,mas,depois que essa tragédia bateu na nossa porta,não só temos desejo de sair daqui,como não recomendo a mais ninguém escolher esta cidade para viver — desabafa Denize Mascarenhas,de 63 anos,mãe de Daniel.

Paulo Mascarenhas,pai de Daniel,diz que a família tenta superar o luto dia após dia:

— Vivo com o sentimento de responsabilidade de um pai que não conseguiu evitar o que aconteceu,não tive pelo menos a oportunidade de ter recebido os golpes fatais no lugar dele.

Viagem de risco

Seja no horário de ida ou de volta do trabalho,os furtos não são passageiros em ônibus: o estado registrou 3.663 casos este ano,a maior parte na Barra da Tijuca. A preferência dos criminosos costuma ser às terças,por volta das 17h; às quintas,perto das 7h; e às sextas-feiras,com picos em torno das 10h e das 16h. Os fins de semana não ficam livres na agenda dos criminosos: os sábados registram pico perto das 10h. Um assalto a um ônibus,este ano,deixou a estudante Ana Moura,de 21 anos,com medo de usar o transporte. Aluna da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),a jovem estava na Cidade Nova,a caminho da faculdade,quando dois criminosos entraram no coletivo e renderam os passageiros. Ana entregou celular,carteira e tablet.

— Eu fiquei com muito medo porque entrei na faculdade este ano e já aconteceu isso. Me senti bem impotente e fiquei bem triste porque perdi tudo,não estava podendo comprar novos eletrônicos. Tive que pegar celular emprestado com os amigos e só depois consegui comprar um novo. Todo dia fico atenta e apreensiva pensando se vai acontecer algo — relata Ana Moura.

‘Policiamento estratégico’

Procurada,a Polícia Militar informou que “acompanha os dados divulgados pelo ISP,tendo como prioridade,além da redução dos índices criminais,o aumento da sensação de segurança da população”. Ainda de acordo com a corporação,o policiamento é distribuído de maneira estratégica,levando em consideração os dados apontados pela mancha criminal.

Já a Polícia Civil destacou que “trabalha em conjunto com a PM,com monitoramento,levantamento e troca de informações de inteligência,e ações para nortear o policiamento ostensivo em áreas com maior índice de criminalidade,a fim de reprimir delitos,além de identificar e capturar criminosos”.

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